Falta de chuva, excesso de consumo e calor ameaçam abastecimento de água

segunda-feira, 4 de novembro de 2019


Prefeitura e Saae anunciam início de interrupção programada no fornecimento de água. Medida atingirá toda a cidade em sistema de rodízio. Cortes acontecerão das 17h às 6h do dia seguinte, conforme agenda anunciada semanalmente.

A partir da próxima quarta-feira (dia 6), entra em vigor o processo de interrupção programada no abastecimento de água em Sorocaba. A interrupção ocorrerá das 17h às 6h do dia seguinte e, em sistema de rodízio em ciclos de quatro dias, atingirá todas as regiões da cidade. A medida foi anunciada na tarde desta segunda-feira (4), durante entrevista coletiva da prefeita Jaqueline Coutinho e do diretor geral do SAAE, Mauri Pongitor.

A implantação da interrupção programada no abastecimento em sistema de rodízio é uma medida de enfrentamento à atual situação do abastecimento e consequência de três fatores principais, com reflexos diretos na distribuição da água à população. Já há alguns dias, SAAE e Prefeitura têm emitido alertas de desabastecimentos pontuais principalmente nas regiões mais altas da cidade.

As causas da medida anunciada na entrevista coletiva e que visam garantir um abastecimento equânime para toda cidade são: 01 – A falta de chuvas consistentes na cidade – que já dura mais de três meses; 02 – A situação dos mananciais que abastecem a cidade de água bruta, Ipaneminha já está praticamente esgotado e outros dois estão em situação dramática (Ferraz e Castelinho); e 03 – Consumo excessivo pela população, em razão do forte calor registrado na cidade nas últimas semanas.

123 dias sem chuva consistente

Durante a entrevista coletiva desta segunda-feira, o diretor geral do SAAE, Mauri Pongitor, apresentou números que revelam a situação crítica dos índices de chuvas registrados no município nos últimos quatro meses. Nesta segunda-feira, dia 4 de novembro, completam-se 123 dias desde a última chuva significativa no município – ocorrida no dia 4 julho – quando foram registrados pouco mais de 80mm de chuva num só dia. Desde então, mesmo o acumulado nos meses subsequentes ficaram abaixo do necessário para a recuperação dos mananciais.

De maio a outubro deste ano, choveu apenas 66% (258,3mm) da média histórica para o período, que é de 393,1mm. No ano passado, no mesmo período, choveu o equivalente a 95% da média histórica, ou 373,9mm. Os dados apresentados pelo SAAE têm por base o monitoramento realizado pelo Somar Meteorologia, que revela ainda que os meses mais críticos em termos de chuvas foram agosto e o recém terminado outubro. Agosto teve 3,7mm de chuvas, contra uma média histórica de 31,9 e outubro, apenas 12,2mm enquanto a média histórica para o mês é de 100,6mm.

A falta de chuvas e a forte onda de calor que atinge toda a cidade foram os ingredientes para que o sinal amarelo fosse acionado no serviço de abastecimento de água no município. “Temos trabalhado até aqui no limite da nossa capacidade de produção de água. Numa situação de normalidade isso nem seria necessário para abastecer toda a cidade. Ocorre que o calor fez com que houvesse uma explosão no consumo, que subiu 25%, e causou esse desequilíbrio no sistema, provocando situações de desabastecimento principalmente nas zonas mais altas da cidade”, frisa Mauri Pongitor.

Interrupção programada

O SAAE também apresentou, com imagens, a situação das represas do Ipaneminha, Ferraz e Castelinho, estes últimos operando com apenas 8% de sua capacidade de reservação. No caso da represa de Itupararanga, administrada pela Votorantim Energia, e de onde vem mais de 80% da água que abastece Sorocaba, a situação ainda é relativamente confortável. O volume de água ali é de pouco mais de 55% da capacidade daquele reservatório.

“Ocorre que não podemos ficar inertes, aguardando chuvas que podem nem vir agora. Temos que adotar medidas imediatas para garantir que toda a população seja abastecida, ainda que nesse abastecimento tenha que haver uma interrupção por um período previamente anunciado para que as pessoas se preparem para ela”, destaca Mauri Pongitor.

Segundo o diretor geral do SAAE esta situação foi apresentada à prefeita Jaqueline Coutinho que determinou a elaboração desse calendário de interrupção temporária de modo a que houvesse o mínimo de interferência possível na vida das pessoas. “É um momento difícil e não seria justo que apenas as partes altas da cidade padecessem com o desabastecimento com maior frequência. Então, solicitei ao SAAE que fizesse os estudos das manobras operacionais que seriam necessárias para que, num sistema de rodízio, a interrupção fosse mínima, e interferisse o mínimo possível na vida das pessoas. É menos pior ficar apenas um período sem água, do que viver a incerteza diária do desabastecimento”, destaca a prefeita Jaqueline Coutinho.

O calendário elaborado pelos técnicos do SAAE prevê interrupções programadas de 13 horas seguidas no abastecimento, sempre das 17h às 6h da manhã do dia seguinte, em ciclos de quatro dias entre uma interrupção e outra, em bairros de todas as regiões da cidade. Esse calendário será elaborado semanalmente, e a população será avisada (pela imprensa e redes sociais da Prefeitura, Saae, Urbes) com dois dias de antecedência para que ela possa se programar também e economizar água de seus reservatórios domiciliares.

Começa quarta-feira, dia 6

O sistema de interrupção programada no abastecimento de água começa já nesta quarta-feira, dia 6. Pelo calendário montado pelo SAAE, terão o abastecimento interrompido a partir das 17h de quarta-feira e até às 6h da quinta-feira, os bairros abastecidos pelos Centros de Distribuição da Parada do Alto e Vila Haro, Central Parque, ETA Rede 06, Barão, Terra Vermelha e Novo Éden. A relação dos bairros que são abastecidos por esses Centros de Distribuição está disponível nos sites da Prefeitura e do SAAE.

O calendário de interrupções programados está disponível nos portais da Prefeitura de Sorocaba (www.sorocaba.sp.gov.br) e do SAAE (www.saaesorocaba.com.br). Toda segunda-feira será feita a avaliação da situação e apresentado o novo calendário que vai vigorar a partir da quarta-feira seguinte.

No período de vigência dessa situação, o SAAE manterá um esquema especial com caminhões-pipa para o atendimento emergencial de unidades de saúde do município, hospitais, creches, escolas, unidades prisionais etc. O diretor do SAAE explica, entretanto, que como desabastecimento não será uma situação continuada, que se estenda por dias, essa será uma medida de segurança adotada pela autarquia, que poderá ser acionada pelo telefone 0800-7701195.

ETA Vitória Régia

Na entrevista coletiva de anúncio da medida preventiva emergencial, a prefeita Jaqueline Coutinho disse que a entrada em operação da ETA Vitória Régia, que deve entrar em operação em junho do ano que vem, vai colaborar decisivamente para que o município consiga enfrentar situações de estiagem como as vividas atualmente. A ETA Vitória Régia vai injetar, inicialmente, 750 litros de água por segundo no sistema (a obra foi projetada para tratar até 1.500 litros de água por segundo).

Mauri Pongitor explica que, embora a ETA tenha sido idealizada para reforçar o abastecimento de água da Zona Norte de Sorocaba, em momentos emergenciais, será possível que ela dê suporte também ao abastecimento da região do Éden. “A rede de tubulação instalada na nova ETA nos permitirá isso e é importante que tenhamos essa capacidade de manobra em momentos críticos, como este que estamos vivendo”, frisa o diretor do SAAE.

Jaqueline Coutinho e Pongitor destacam que, neste momento, “é fundamental que a população colabore, economizando e evitando toda forma de desperdício de água, com a lavagem de calçadas ou carros. A falta de chuvas é uma situação sobre a qual não temos controle, mas podemos controlar nossos hábitos, então, a colaboração de todos será determinante para que possamos superar este momento difícil”, finalizaram.