Colaboradora do Saae é exemplo de superação na vida pessoal e na carreira profissional

terça-feira, 23 de outubro de 2018


Judite ficou sem ter onde morar no dia que assinou contrato para trabalhar como faxineira no Saae.
Tempo depois o marido perdeu a mobilidade do tronco e das pernas. Superou tudo e cresceu na carreira.

Quem observa a objetividade para liderar a equipe que atende presencialmente uma média mensal de 16 mil consumidores do Saae-Sorocaba não consegue imaginar os desafios que a chefe de atendimento da autarquia precisou enfrentar. Judite dos Santos Amaral, 51 anos, começou a trabalhar no Saae há 30 anos, como faxineira. O comprometimento com a função que assume e as habilidades que demonstra cotidianamente foram conferindo novas oportunidades.

A trajetória não foi simples. Para crescer enfrentou dificuldades que começaram logo no dia da contratação. Viu-se desabrigada assim que assinou o contrato de trabalho com a autarquia, aos 20 anos de idade. A opção pela nova profissão exigiu que deixasse a residência de família onde exercia a função de empregada doméstica. “Comecei cedo, aos sete anos de idade como babá. Depois trabalhava como doméstica, atividade que além da alimentação também garantia um teto”, conta.

O humilde salário da nova faxineira no Saae não era suficiente para uma moradia, mas isso não foi impeditivo. “Recorri às mesmas colegas que me incentivaram a tentar a vaga. A cada noite dormia na casa da família de uma delas”, lembra. Por um período precisou pernoitar em um cômodo sem cama, que seria destinado à sala de ferramentas na Estação de Tratamento de Água (ETA) Cerrado, até que conseguisse encontrar um quarto simples, nos fundos de um quintal, onde as suas economias podiam custear o aluguel.

O tempo passou, formou família e surgiu outra surpresa que poderia comprometer a dedicação no trabalho. Já tinha um bebê de colo e outra filha com pouco mais de um ano, quando o marido de Judite, um esportista mestre em capoeira, acidentou-se e perdeu a mobilidade do tronco e das pernas. “Foi difícil no começo, ele caiu em depressão, mas logo, com muita vontade de superar, dedicou-se à fisioterapia e recuperou os movimentos do tronco, permanecendo a deficiência nas pernas”, relata.

O terceiro filho chegou, um menino, como ela sempre desejou. No Saae, havia sido promovida a atendente, dedicando-se à função que por vezes desgasta emocionalmente os profissionais que recebem os consumidores insatisfeitos com algum serviço.

Mas nem mesmo alguma ofensa injusta era suficiente para interferir no emocional de Judite: ela seguiu dedicando o mesmo amor aos três filhos e ao marido. “Quando alguém chegava reclamando do corte da água por falta de pagamento, rápido eu mostrava quem é que tinha problemas a serem superados”, ressalta.

Uma experiência a marcou. Era mais um caso de consumidor com água cortada. Diferente do habitual, ele começou a perguntar sobre um bilhete e a foto de uma das filhas que Judite mantinha na mesa de trabalho. Mas logo passou a falar de si próprio. “Sou juiz, trabalhei muito para garantir do melhor à família, mas faltou tempo para o amor que você leva a eles. Continue assim, as minhas contas estão atrasadas porque o meu filho ficou dependente”, seriam mais ou menos as palavras que ela recorda ter ouvido do magistrado.

Os filhos de Judite cresceram. Todos conquistam oportunidades em universidades públicas. “Igual a mim, ela é uma funcionária pública”, orgulha-se da filha mais velha, Elisa, 23 anos, formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em pedagogia. Elisa é professora da rede municipal de ensino em Salto de Pirapora. Ela leciona na mesma escola onde estudou quando criança.

A irmã do meio, Robelli, 22 anos, é aluna de engenharia agroquímica e agroindustrial na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O caçula, Eric, 19 anos, também passou no vestibular, para o curso de engenharia, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba. “Não deixei ir. Vai prestar vestibular na Facens, tentar uma bolsa, porque ficaria mais caro os custos para mantê-lo em Curitiba”, decidiu Judite.

Com muito orgulho, a atual chefe de atendimento do Saae que começou como faxineira, exibe no monitor de sua estação de trabalho a imagem do diploma da primeira filha formada na universidade estadual. “O meu marido, Darci Roberto do Amaral, ao meu lado, colaborou na educação dos nossos filhos, sempre estudiosos e que se preparam com muita garra”, diz com um sorriso estampado no rosto.

Leandro Nogueira
Assessor de imprensa
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